Embora a caipirinha tenha alcançado certo grau de reconhecimento internacional, a Europa ainda permanece relativamente imparcial. Nestes tempos de renascimento de rum e do gin, o coquetel definha um pouco na lista dos preferidos.
Quando Jimmy Buffet declarou “se a vida lhe dá limões, então faça margaritas”, provavelmente ele ainda não havia descoberto a caipirinha. O endosso do cantor pode ter feito maravilhas para o aperitivo à base de tequila, mas para o meu dinheiro há usos melhores para tais frutas cítricas.
É comum ver a caipirinha sendo colocada no mesmo patamar de outros coquetéis latino-americanos, a margarita e o daiquiri, mas a caipirinha é mais do que um coquetel – é um tesouro nacional. Verdes e amarelos refletem paisagens épicas do país, enquanto o equilíbrio artesanal de doce e azeda reflete uma cultura repleta de diversidade e património. É o Brasil em um copo. Uma vez que você prova, você só quer mais.
A bebida em si não poderia ser mais simples. Existem várias variações de sabores e preparação, mas uma caipirinha tradicional é feita tomando um limão cortado e misturando-o suavemente com uma colher de sopa cheia de açúcar (de preferência usando um socador, um pilão de madeira – mas qualquer colher de madeira será suficiente). O truque é espremer tanto suco do limão sem danificar a casca, que por sua vez liberaria um sabor amargo. Para obter os resultados mais autênticos, você deve usar um limão brasileiro recém-fatiado (amplamente disponível na Europa) e açúcar. Jogue no gelo e na cachaça e misture bem. Muitas vezes vale a pena usar uma coqueteleira para garantir que os ingredientes se misturem o máximo possível.
Agora você pode fazer uma, que tal pedir uma? Ao contrário de seus irmãos latino-americanos, a caipirinha foi criada em português e não em espanhol. A maioria dos estrangeiros ainda está procurando pelo “h” no Mojito, então qualquer trepidação ao se aproximar do bar é de se esperar, dadas as armadilhas da pronúncia do Português Brasileiro. Aqui vai – Kai-peer- REEN-ya. Estritamente falando, existem quatro sílabas distintas, mas a licença fonética da linguagem local permite uma entonação mais esticada. Não se preocupe; fica fácil depois da primeira.
Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e, no primeiro século de colonização, a cachaça já estava em produção, com a terra sendo usada principalmente para colher cana-de-açúcar para produzir açúcar e melado preto, que eram vendidos principalmente para a Europa. Durante o processo de produção de açúcar, quando o suco da cana fermenta, forma um tipo de espuma. Este subproduto nunca foi descartado, mas sim dado aos animais domésticos, gado e porcos. Com o tempo, os escravos que trabalhavam nas usinas de cana também começaram a receber rações, para serem consumidas enquanto trabalhavam. Não surpreendentemente, a cachaça foi um grande sucesso entre os trabalhadores e começou a chamar a atenção de outros gostos mais refinados. E assim, percebendo o potencial comercial, iniciou-se a produção de uma cachaça superior e o Brasil passou a exportar a bebida para a Europa, juntamente com os demais produtos à base de cana-de-açúcar.
Hoje em dia, a cachaça é produzida de várias maneiras e, desde pequenas destilarias até grandes produtores, a produção tem sido majoritariamente industrializada para o consumo interno e para a exportação. Há, no entanto, os produtores artesanais de cachaças especiais ou “artesanais”, alguns deles aclamados internacionalmente, que visam um mercado seleto de conhecedores de cachaça. Cachaças regulares, vendidas em quase qualquer lugar do Brasil, variam apenas pela quantidade de açúcar adicionada durante a destilação, enquanto cachaças especiais podem ser armazenadas em barris de madeira ou misturadas com frutas ou ervas para criar um sabor mais sutil.
O preparo e as quantidades são quase sempre iguais, mas variando os ingredientes, você pode surpreender os seus amigos com diferentes tipos de frutas
A caipirinha tradicional, conhecida por 10 em cada 10 brasileiros, é feita com poucos e simples ingredientes: 50 ml de cachaça, 2 colheres de sobremesa de açúcar, 1 limão e gelo. Mas, se não forem observados alguns detalhes, o drink pode não ficar como esperado. Preparar a caipirinha perfeita é uma arte e hoje você vai se tornar um artista. Vamos lá!
Copo – use copos old-fashioned ou, preferencialmente, com a boca mais larga que a base.
Limão – deve ser de tamanho médio, macio, com a casca bem verde e lisa. Corte-o em oito pedaços e remova a parte branca do meio. Assim, ele não irá amargar. Coloque-o no fundo do copo com a casca virada para baixo.
Açúcar – prefira o açúcar branco refinado. Adicione duas colheres de sobremesa ao copo.
Agora você deve amassar o açúcar e o limão, até soltar bastante suco. Não amasse demais para que a casca não deixe um sabor amargo.
Agora, no copo, você precisa amassar o limão e o açúcar, para espremer tanto suco de limão quanto possível. Você pode usar uma variedade de utensílios para fazer isso, mas tome cuidado para não usar muita força e romper a casca (isso liberará um sabor amargo).
Cachaça – qualquer cachaça pode ser usada, mas quanto melhor a qualidade dela, melhor ficará o sabor do seu drink. Adicione 50 ml ao copo (no Brasil, o equivalente a uma dose; no Reino Unido, a duas).
Misture bem os ingredientes no copo e adicione muito gelo em cubos, para que sua bebida fique bem refrescante. Pronto, você fez uma caipirinha perfeita!
Além do limão, você pode usar outras frutas: tangerina, morango, manga, lichia, kiwi, limão siciliano, frutas vermelhas ou uvas, adequando a quantidade de açúcar, que pode variar. Evite frutas muito macias, como banana ou mamão, para não acabar fazendo uma vitamina alcóolica. Você pode também adicionar pequenas quantidades de ervas, como hortelã ou manjericão (que vão bem com as frutas mais cítricas), além de pimenta e gengibre (com as frutas mais doces).
Experimente também usar outras bebidas no lugar da cachaça, na mesma quantidade, como a vodca e o saquê.
A vodca combina com qualquer fruta, já na ‘sakerinha’ devemos evitar as frutas cítricas, dando preferência às frutas mais delicadas, como uva, lichia ou kiwi.
Todas as variações de caipirinha podem ser misturadas em uma coqueteleira, para obter um sabor mais suave.